Blog do Bocão

Artigo: O mundo está caminhando para as cidades inteligentes. E como vamos caminhar?

 

Ricardo Marques*

 

Passado o período eleitoral em nossa cidade, Vitória da Conquista a partir de agora precisa, como população, acompanhar e monitorar o desempenho dos seus representantes escolhidos. Participei esse ano do processo, por meio de uma candidatura que apresentou algumas propostas que vislumbro serem fundamentais para pensar a cidade daqui pra frente. Assim, as reafirmo e me coloco a disposição para discuti-las com os nossos representantes eleitos, tanto na Câmara quanto no Executivo municipal. Isso porque eu sei que o exercício da cidadania não pode ser feito apenas de quatro em quatro anos e, sim, por meio da participação ativa em todos os momentos de debate que venham a definir o futuro da nossa cidade.

Uma das questões importantes nesse aspecto é promover em nossa cidade o debate fundamental da construção de uma Cidade Inteligente, ou seja, quais as ferramentas tecnológicas ou não que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida de nossa população. Quais os novos instrumentos de participação popular que possam mobilizar, ao máximo, os nossos cidadãos em torno das escolhas que precisamos fazer para construir nossa cidade daqui pra frente.

Alguns municípios, a exemplo de Belo Horizonte, tem criado ferramentas interessantes de medição da qualidade de vida e até mesmo do nível de impacto promovido pelo setor público em cada uma das regiões ou bairros da cidade, criando indicadores como o Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU) que permite um comparativo entre os bairros quanto ao nível de intervenção do poder público e a existência dos equipamentos urbanos necessários para o bem-estar coletivo daquela comunidade.

O uso de sistemas de informação geográfica (SIG) podem favorecer melhorias na gestão, por exemplo, da distribuição dos alunos entre as escolas do município, na gestão do IPTU, no planejamento do transporte coletivo e até mesmo na decisão das áreas de expansão prioritárias. Também pode ser extremamente eficaz na gestão ambiental da cidade. Hoje em dia com grande parte da população tendo acesso a smartphones, possibilitar que boa parte dos serviços municipais possam ser acessados por meio de aplicativo é também realidade em várias cidades mundo afora. E isso não representa governar para a minoria, e sim, possibilitar que as tecnologias possam ajudar a gestão da cidade para todos.

Há de se pensar que o setor público é o que mais precisa avançar no uso das possibilidades das novas tecnologias e do acesso do cidadão ao conhecimento do uso dos recursos públicos. Leis como a Lei da Transparência foram marcos, mas poucos são os cidadãos que conseguem acessar e entender a página de informações sobre o orçamento público tanto das câmaras quanto das prefeituras. São necessárias novas ferramentas que simplifiquem o acesso às informações para que haja um verdadeiro empoderamento da população em torno da construção da “Cidade de queremos” a partir do diagnóstico real da “Cidade que temos”.

Espero ansiosamente que os nossos vereadores eleitos possam ter o compromisso de construir essa cidade. Muito precisa ser feito. Temos a necessidade do novo Plano Diretor, mais participativo e inclusivo. Precisamos de novas leis que potencializem as vocações econômicas de nossa cidade, considerando nossas limitações, como por exemplo, a água. Potenciais como o de termos em Conquista o início de um Polo digital e de empresas de base tecnológica (startups) fomentando a inteligência, criatividade e vontade de nossos jovens e acreditando em um de nossos atores mais fundamentais para pensar a cidade que queremos daqui pra frente: as universidades.

O diálogo entre poder público, universidades, sociedade civil organizada e setor produtivo, sendo ele mantido de forma organizada, participativa e democrática, nos fará crescer e dar a Conquista o salto que ela precisa para superar os grandes desafios que temos pela frente. Vai depender de nós, população, e de estarmos atentos e participantes de todo o processo.

 

*Ricardo Marques é Administrador, Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e MBA em Gestão de Projetos.


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